domingo, 25 de março de 2012

Foi tudo por amor

Eu menti. Eu roubei as chaves do seu apartamento, estava nos meus planos entrar novamente, mas como convidado. Vi você indo ao chaveiro, logo pensei que não teria mais necessidade guardá-las comigo, mas se fosse a ultima coisa que teria de você guardaria. Eu peguei as chaves, e me lembrei do quanto gostava daquele chaveiro, como aqueles objetos baratos, a torre Eiffel parecia pequena naquele simples emblema. É claro que iríamos a Paris, pensei. Estaríamos onde queríamos, e como planejamos. Nossas brigas ganharam um ar romântico quando eu a beijasse no final, e um passeio de barco a faria a voltar a sorrir. Dias perfeitos, e férias inesquecíveis. Essas chaves eram mesmo mágicas, mesmo não sendo as suas, as guardei em um baú e pensei, um dia poderia pessoalmente as devolver. Eu sei que você não gostaria, mas quem sabe assim, entenderia. Era como um conto de fadas. Você ficaria totalmente louca, pensei. Queria ter algo a mais com você, algo que você nunca soube, muito menos eu. Estava quase tudo planejado para aquele dia, não iria apenas devolver as grandiosas chaves, e sim te dizer o que querias, o que nunca fomos. Seria sim arriscado, mas tentaria. Queria realizar nossos planos, nossos sonhos e até mesmo nossos pesadelos. Abri meu baú e pensei, quanta babaquice. Poderia ficar com as chaves e ficar completamente quieto, esquecer tudo e até mesmo você. Mas eu fui. Comprei rosas e escrevi uma imensa carta de amor. No caminho planejava todas as minhas falas, tentava decorar as mais belas poesias para você. Estava lá e pensei, tudo poderia dar certo, mas também tudo poderia ir ao chão. Apartamento número dez do quinto andar. Toquei o interfone várias vezes, você demorou para entender, meu coração acelerava, minha mão se congelava. Quanta idiotice, eu tinha a chave, se lembra? Mas ela foi no chaveiro, sem pensar desesperado procurei em meus bolsos e aliviado as encontrei. Abri a porta e fiquei assustado quando abriu. Percorri os corredores, fui na sala onde divertíamos tanto, sorri, e vi uma foto nossa rasgada pelo meio, onde só você aparecia nele, sorri de novo depois de pensar que estaria muito nervosa fazer aquilo, e não teve coragem de rasga tudo. Encaminhei-me até o seu quarto, com as rosas, poesias e as chaves na mão. Sem pensar, entrei. Avistei você com outro homem, silenciosamente lágrimas escorreram em meu rosto, meus passos ficaram mais leves, meu coração por alguns milésimos parou. Acho que enrolei demais, não é? Com cuidado fechei a porta e me retirei. Frustado. Antes de sair, deixei as chaves em uma mesa, com uma toalha branca muito elegante, e junto as chaves deixei também as rosas e principalmente as poesias. Você já estava feliz o bastante, era o meu ponto de vista naquele momento. Sabia que não era o suficiente. Quanta tristeza. Já eram exatamente oito horas da noite e parei em uma restaurante, em uma mesa qualquer, solitário, sem se quer um pingo de ânimo. Pedi algumas doses de uísque e fiquei. Após me embriagar, não me lembro de absolutamente nada. Não me lembro das rosas, muito menos das chaves, deveria sim esquecer. Enlouquecer? Talvez. Eu menti


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